Coração de carne de caju - Artemísia #73

Doce, espesso, suculento

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Esta edição é um pouco diferente, produzida a partir de uma provocação das aulas do curso Escritas Regenerativas. Estou adorando e me desafiando a escrever de forma mais livre, fluida, sem tanto autojulgamento.

A última semente tocada por minhas mãos germinou meu coração. Carnudo como caju, doce, etéreo, sensível. Vejo ele bater vivo entre meus dedos e me espanto. O cheiro inusitado e marcante preenche o ar, inebriante.

Sinto tanto amor que transborda. O peito sua pelos olhos enquanto caminho de fones de ouvido pela rua.

Meu coração tem perfume de caju. Ele impregna o vento, vaza pela roupa. Tento esconder, envergonhada — vai que há alguém alérgico a um aroma tão doce? Em vão: quem passa por mim pela rua nota e não sabe o que é. Vira o pescoço com uma interrogação estampada na face.